11 de Junho de 1460 – Retiro no Pomar de Alcobaça

[Pomar de Alcobaça]

A vegetação do enorme pomar da cidade de Alcobaça parecia densa e surgia cada vez mais, à medida que o horizonte se aproximava, imensas árvores de frutos e plantas também frutíferas surgiam à medida que Sylarnash caminhava. Estranhamente e contrariamente ao habitual encontrava-se sozinho, com um ar calmo e sereno depois das lides e preocupações do dia-a-dia terem sido, por alguns dias, colocadas de parte. A sua linguagem corporal e a sua imagem irradiava uma imensa tranquilidade de espírito e na mente do sacerdote pairavam os imensos bons momentos, passados naquele pomar e não só, assim como, ao mesmo tempo, as coisas más e depreciativas que se viam dia após dia no Reino de Portugal eram também alvo de uma sossegada análise à medida que caminhava pelo pomar.

Encontrando uma pedra de tamanho mediano, mas alta o suficiente para alguém se colocar sobre ela, em posição de descanso, Sylarnash senta-se e retira da sua bolsa um pequeno caderno de capa dura, aparentava ser antigo a capa estava coberta de um imensurável conjunto de flores-de-lis. Era o diário de Sylarnash.

Alcobaça, 11 de Junho de 1460

A ideia de fazer um pequeno retiro nos Pomares de Alcobaça, foi sem dúvida algo bastante vantajoso e uma excelente ideia. Os dias demoravam a passar, os trabalhos que antes fazia com gosto já se mostravam mais um fardo que mais nada, e o último mês levou-me, tal como acredito que a muitos, a baixo e a um estado de espírito de contradição e recolhimento forçado.

A ideia surgiu, e a escolha do local deveu-se à tranquilidade e paz de espírito que o pomar de Alcobaça sempre transmitiu a mim em especial. Era sem qualquer dúvida necessário ser um lugar calmo e no qual pudesse caminhar e observar a natureza sem ser perturbado ou abordado, em Alcobaça, o seu pomar era o local ideal.

Durante este primeiro dia de reflexão notei, logo à partida, que afinal não haviam assim tantas razões para me preocupar, e o que era necessário era realmente um dia sossegado, longe dos aglomerados populacionais e ao mesmo tempo um local ao ar livre. Apesar dos diversos acontecimentos menos bons ocorridos num passado recente, existe um enorme conjunto de pessoas que me apoiam, e ainda um enorme conjunto de coisas em que acreditar. Uma dessas coisas é o Altíssimo que nunca me deixou mal, e eu deveria dar mais valor a essa situação de amor demonstrado para comigo, mantive-me ultimamente sem valorizar as coisas boas da vida, e sinto-me mal por isso, mas desejo e vou remediar as coisas.

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